DÉCIMA PRIMEIRA PARADA: PORTAS OU JANELAS?

autoria: Indira Moretti

 

Quando as portas finalmente se abriram,

Eis que entrou pela janela.

Enxergando mil possibilidades,

Eis que esqueceu a própria idade.

 

Ainda pouco sabes de mim,

Talvez até bem mais que eu.

Com amplo espaço para transitar,

Eis que tem asas, pôs-se a voar.

 

Sem saber onde começa,

Pensa que nem tudo tem fim.

Onde está aquela pressa?

Que ainda há pouco, em mim.

 

Transitando pelos espaços,

Medo e coragem em pleno voo.

Olhando atento cada fresta,

Recuando, quase sem pressa.

 

Às vezes por pura provocação,

Pois é o início da mutação.

Às vezes por dor e preocupação,

Que dá folego para explosão.

 

Bem mais coragem do que medo,

Acredita no que faz.

Só avança quando entende,

Sem hesitar, sem tanto faz.

 

Como quem modela o barro,

Sabe que a vida não tem preço.

Ora sabe ser argila,

Quando não, o próprio oleiro.

 

Como quem deseja entrar,

E jamais sem concessão.

Essa infame ousadia,

Que conduz seu coração.

 

Uma certeza tem de si,

E disto não abre mão.

O que chega, seja como for,

Não ficará sem condução.