NO FUNDO DOS MEUS OLHOS
autoria: Indira Moretti
Era noite…
Que de tão clara,
Ainda morna,
Roubou-lhe o sono.
Ajoelhada sobre o banco,
Acomodou-se junto à janela,
Quase colando o próprio rosto
Rente ao vidro, assim lacrado.
Em ritmo veloz
O trem seguia seu percurso.
Certo de seu destino,
Prosseguia firme sobre os trilhos.
Já aquele pensamento…
Corria solto no céu.
Que de tão livre,
A fez pulsar.
Havia calma e contemplação,
Tal qual merece o show de beleza
Exposto por cada estrela.
Brilho e leveza…
Era um sorriso ainda contido,
Quem sabe um verso não formulado.
Era o desejo quase eclodindo,
Pulsando forte, ainda calado.
E de tanto contemplar
Um céu tão alto,
Quase intangível…
Percebeu o próprio olhar,
Naquele vidro,
Refletido.
Se olhares assim…
Tão dentro dos meus olhos,
Como quem tudo podes enxergar…
Vou sentir-me intimidada.
Como quem teme,
Anseios revelar.
Eis os olhos…
Janelas da alma.
Transparecem o que somos.
O que nos dá ou tira a calma.
E então ver tão de perto,
O que é certo,
O que é incerto.
Um sentimento não revelado,
Quem sabe um céu…
Constelação.
Um pulsar misterioso,
Talvez tímido,
O ecoar do coração.
Ou ainda um arco-íris,
Esbanjando suas cores.
Vale repleto de seletas rosas,
Exalando seus odores.
E nos momentos de impetuosidade,
Ver voar cavalo alado.
Esbanjando sua força,
Ousadia a guia-lo.
Ver voar cavalo veloz,
Sobrevoando o vasto céu…
Ou sentada beira à grama,
Uma menina, cheirando a mel.
Que de sono e alegria,
Briga consigo para ficar acordada.
Aproveitando cada instante,
Desta cena encantada.