NAS CURVAS DO TEMPO

– autoria: Indira Moretti

 

Tic tac… Tic tac… Tic tac… Tic tac…

 

Aqueles que doem,

De dentro pra fora,

De fora pra dentro.

 

Espinhos plantados,

Cravados na alma,

Nas curvas do tempo.

 

Pontas cravadas,

No dorso, nas costas,

Que ferem o peito.

 

Os mesmos que ferem,

Fazem-nos ferir,

A todo o momento.

 

Àquele que chamo,

Àquele que amo,

À quem atormento.

 

Espinhos e cravos,

Com forte expressão,

Vivos no pensamento.

 

Que a noite nos roem,

No travesseiro,

Eterno tormento.

 

E assim fui minando,

Tentando conter,

O seu crescimento.

 

E assim fui cavando,

A resolução,

No fundo do peito.

 

Tic tac… Tic tac… Tic tac… Tic tac…

 

Mais um tempo que passou…

Você nem sequer notou.

Tic tac…

 

Mais um tempo que se deu…

Outra chance se perdeu.

Tic tac…

 

Mais um tempo a ruminar…

Não seria de acordar?

Tic tac…

 

Olhe em volta…

Ao redor.

Tic tac…

 

Olhe em volta, ou para si!

Nem pediu que fosse assim!

Tic tac…

 

Mas a dor vem de mansinho,

E faz da mente o próprio ninho.

Tic tac…

 

Mas o que fazer com a dor?

Pôr num saco, ou num tambor?

Tic tac…

 

Põe num saco e dê um nó.

Fogo intenso! Vira pó!

Tic tac…

 

Saiba que podes estar!

No futuro é o teu lugar.

Tic tac…

 

O que antes te freava,

Vira pó, ou quase nada…

Tic tac…

 

Saiba que podes estar!

No futuro é o teu lugar.

Tic tac…

 

Se quiser, te dou a mão,

O corpo…  A alma…

O coração!