TÃO SOMENTE MULHERES

– autoria: Indira Moretti

 

Tão somente mulheres, em seus diferentes papeis, em diferentes lugares, com diferentes perspectivas de vida.

Aquelas que sob o sol da manhã se renovam, refazem-se e brilham.

As que acompanham, as que vão à frente, as que conduzem.

Tantas que sob o orvalho a lhes brotar na face caminham de cabeça erguida, transpondo fronteiras, dissolvendo impasses.

Nem grandes, nem pequenas. Nem robustas, nem esguias. Nem feias, nem belas.

Tão somente mulheres!

Mulheres de todas as raças, de todas as crenças, de todas as culturas e de tudo o mais do que se possa contrastar sob os olhares humanos.

Tão somente mulheres!

As mesmas que de peito aberto nos agraciaram. Que junto ao próprio peito nos amamentaram.

Que num momento anterior, posto o desejo de florescer, desabrocharam.

As que esculpiram-se para o saber, as que perpetuaram o adolescer, as que insistem em se exprimir, as que se ocultam de existir.

As que abrem mão de si, as que lutam, as que estão a insistir.

As mesmas que nos inspiram, as que nos preparam o alimento, que nos protegem, que afastam o perigo, as mesmas que os males enfrentaram.

Todas as que em salas de aula fizeram-se presentes, que vivem em nossas memórias, que por seu modo de agir e ensinar nos inspiraram.

À todas que nos momentos em que precisávamos de cuidados se comprometeram com fervor, que dia e noite doaram-se por amor.

Que por insistirem em nos esculpir e ensinar, vivem plenas em nossas memórias, tendo nosso mais pleno amor.

Todas as que por exercer a paciência, lapidaram-nos com decência e que hoje são dignas de louvor.

As mesmas que, com pleno ouvido atento, corretamente interpretaram cada choro e cessaram nosso lamento.

Mulheres brancas, negras, jovens, maduras, belas… Mulheres azuis, verdes, violetas, lilases, amarelas…

Mulheres!

Tão somente mulheres!

Parabéns! Que a vida nos resplandeça em luz!