QUEBRADOS

– autoria: Indira Moretti

 

Quando quebrados por dentro estavam,

Visibilidades ao trágico exteriorizavam,

E assim, tornavam-se dignos de nota.

Nada disso são fraquezas, nem motivo de chacota.

 

Quando fisicamente quebrados estavam,

Havia quem os movesse, para onde quer que fossem.

Um analgésico, um coxim, um gelo local,

E muitos outros métodos para o alívio do mal.

 

Quando quebrados na vida se enxergavam,

E nenhuma compreensão do trágico evidenciavam,

Os labirintos se ampliavam tenazmente,

Aprisionando-os em suas próprias mentes.

 

Quando quebrados por dentro estamos,

E respostas com prontidão não encontramos,

O silêncio pode nos distanciar do mundo e de nós,

Se esquecermos de nossas forças, se deixarmo-nos a sós.

 

A sós da compreensão e da franqueza,

A sós do que é belo, verdadeiro, do que se põe a mesa.

A sós de um entendimento global,

Pois a incompreensão em si, já é o próprio mal.

 

O mundo não tem facilidade de compreender,

O que dentro ou fora de nós, com os olhos não pode ver.

E a nós não convém julgar,

O que nos territórios da ignorância bilateral tende a estar.

 

Assim como o general que para a guerra se prepara,

Armadura, planos, couraça, espadas…

Precisamos modelar o pensamento e a emoção,

Ajustando o foco dessa cena com correta ação.

 

Emoções que devemos domar,

Pensamentos que insistem: aquietar.

Então se levante e aplaque as dúvidas com franqueza,

Selecionando novos personagens, criando nova cena.

 

Que verdades teremos de enxergar em nós mesmos desta vez,

Para encarrar o mundo sem perder a lucidez?

Nova forma de se enxergar!

O maior insulto é se enganar!

 

As cenas do mundo podem nos impor mudanças…

Sem a menor chance de escolha, gerando inquietações.

Podem até nos impor incertezas sobre o por vir,

Mas não podem nos frear de pensar, de sonhar, de fazer planos, de agir.