VIGÉSIMA TERCEIRA PARADA: ONDE, AINDA, QUEM SABE…

autora: Indira Moretti

 

Então prolongou o braço,

O antebraço e cada falange.

Na tentativa de alcance,

Daquele status equidistante.

 

Mais um pouquinho!

Na tentativa de um talvez…

Equilíbrio! Ponta dos pés,

Mas não alcançou! Insensatez?

 

Onde é o meio?

Ainda tão incerto…

Onde?

Mais um esforço, mais um pouquinho!

 

Onde andará esse frescor

Não temporário?

Transita pelo ar

Ou se esconde atrás do armário?

 

Onde?

 

Onde andará? Como se alcança

Esse equilíbrio sobre as expectativas?

Aquele que supostamente,

Possa acalmar o coração.

 

Onde?

 

Em conflito,

A questionar sem ter certezas.

Eis mais uma expectativa:

A de não tê-las! Contradição?

 

Ah! Eis aí um infame coração:

O do poeta!

Que entre o ilusório o e real,

Tenta aquietar a própria chama.

Que o invade, que o inflama.

A mesma que o faz pulsar.

 

Onde? Ainda!? Quem sabem…

Eis que ainda e infinda,

A franca vontade

Há de arder no coração,

Se derramar sobre o papel,

Pois que o alegre e faça pulsar… Contemplação!

 

Onde? Onde andará?

Por que se esconde?

Ainda?

Ainda a pulsar. Não silencia!

Quer se expressar.

 

Quem sabe…

Agora, amanhã, depois…

Caminhemos lado a lado,

Respeitando cada espaço,

Sem tentarmos nos sobrepor,

Entre o conter e o avançar.

 

Eis o silêncio e seu frescor,

Um bom remédio pra nós dois.

Onde? Ainda…

Quem sabe seja só questão de Tempo,

Complacência ou idade… Compreensão!

 

Onde? Ainda! Quem sabe…

Um dia, num dado lugar,

Ainda que sem o meio…

Uma luz, um horizonte,

Alcance-nos desta vez.

 

E com a ponta do dedinho,

Poder tocar esse universo.

Tornar real o não palpável,

Sair da esfera do “quem sabe”… Sabedoria!