O PAPEL SOCIAL DAS EMPRESAS – O VALOR DO TRABALHO

– autoria: Indira Moretti

 

Um dia foram sonhadas!

Hoje representam um importante papel na sociedade, fornecendo serviços, produtos, ideias, espaços para pesquisa, desenvolvimento científico e tecnológico, vagas de trabalho, fonte de renda para inúmeras famílias, espaço para o desenvolvimento e realização de pessoas. Movimentam a economia e contribuem para o PIB (Produto Interno Bruto).

Ao longo da trajetória profissional, alguns de nós talvez já tenhamos nos deparado com algumas posturas equivocadas no que se refere ao valor do trabalho na vida humana e na sociedade em geral.

Ao ingressar no mercado de trabalho, tendo ou não escolhido/investido em uma profissão, estando ou não pronto para atuação na área escolhida, precisa haver clareza sobre duas questões: compromisso coletivo e responsabilidade individual.

A postura, a atitude que se escolhe, que se adota no mercado de trabalho, não raro, modela não só para as questões de trabalho, mas também as da vida pessoal, pois se entrelaçam.

Há várias formas de se olhar para a mesma realidade, assim como há consequências individuais e coletivas frente aos “óculos” que se escolhe usar.

Escravidão?

Há quem estabeleça consciente ou inconscientemente essa relação com o trabalho para o qual foi contratado e, ao adotar essa postura, assume também o fardo emocional do olhar que estabeleceu sobre a realidade, assim como os frutos atitudinais resultantes do modo de pensar e agir.

Entendi!

E quando o departamento fica tumultuado a trilha sonora é: “lerê, lerê…” – também já presenciei o cantar desta melodia.

Infeliz, consciente ou inconscientemente, os papeis do “escravo” e do “Senhor” talvez estejam tão fortemente incrustrados, frente ao passado histórico de nossa nação, que interferem negativamente nas relações, na autoimagem profissional, desdobrando posicionamentos equivocados no trabalho, interferindo em posturas e decisões, levando a posturas defensivas como se de fato fossem estes os reais papeis no palco da vida laboral.

Escravos não são livres para irem e virem – pertencem ao Senhor. Realizam trabalhos impostos porque são coagidos pela força e ameaça direta. Sentem medo das severas punições expressamente anunciadas, bem como de outras que lhes assombram os pensamentos. Se houvesse outra opção iriam embora, seriam livres e fariam escolhas.

Atualmente, de um modo mais amplo, há nas sociedades espaço para movimentações no mercado de trabalho, com maior ou menor grau de dificuldade, mas há!

(Ciente de que ainda existe trabalho escravo nos dias atuais, não entrarei nessa tônica, pois não é o objetivo do texto).

Temos oportunidades de melhoria no mercado de trabalho que competem aos Governos, aos Órgãos de Fiscalização, Entidade de Classe e às Empresas (públicas e privadas).

Temos oportunidades de melhoria no mercado de trabalho que transitam no campo atitudinal dos profissionais (postura, atitude, desenvolvimento técnico/científico, dentre outras).

Temos oportunidades de melhoria na formação e na busca por formação em nosso país, assim como na educação e treinamento dentro da Empresas.

Exceto se estivermos nesta vida à passeio, creio que todos nós temos que nos projetar para o futuro, fazendo bom uso do Tempo e dos recursos disponíveis.

Fala-se muito sobre “escrevermos nossas próprias histórias”. Não apenas literalmente, do ponto de vista da narrativa, mas do ponto de vista das escolhas, da trajetória que escolhemos seguir. É também no território das Instituições de trabalho que traçamos, que aprendemos e damos paços para essa construção.

Gostemos ou não das circunstâncias, a história segue o curso, o Tempo não para. Gostemos ou não dos cenários em que estamos inseridos na vida pessoal ou profissional, a vida segue o curso e mudar é questão de ação, de atitude, de deixar de lado a procrastinação e a inércia.

Tem coisas que ninguém fará por nós. Uma delas é viver e “escrever a nossa história”.

Se não gosta das atividades que realiza no atual trabalho, precisa agir para que no futuro possa estar realizando outro tipo de trabalho – sem deixar de fazer bem feito o que hoje lhe cabe fazer, pois como profissional responsável, assumiu um compromisso.

Porque não é um escravo! É um profissional contratado ou liberal que assumiu a responsabilidade de realizar uma atividade em troca de um salário e benefícios ou de valores previamente acordados.

Se “imaginou” que seria de um jeito e agora percebeu que é de outro, algo precisa ser feito!

Responda-se:

É possível remodelar as expectativas e passar a olhar de forma mais abrangente e satisfatória para a realidade atual?

Consegue controlar as emoções e seguir realizando suas atividades de forma adequada e comprometida até que as condições sejam favoráveis para uma mudança de rota?

Poderia parar de reclamar e agradecer pela oportunidade, enquanto busca soluções para a atual insatisfação pessoal, sem precisar dissemina-la no ambiente de trabalho?

O que está fazendo por você mesmo(a)?

Vai manter-se preso nesta situação ou vai investir em conhecimento e desenvolvimento pessoal?

Vai contar com a “sorte”? Complicado! Neste caso: “Boa sorte!”

Se ainda estiver em um emprego que não o agrada, apenas porque “tem boleto para pagar”: isso é um problema! Um sério problema! E pode ter certeza de que está sofrendo e talvez fazendo sofrer quem está ao redor.

Por quanto tempo será assim? Que ações tem posto em prática para gerar mudanças no seu futuro?

Todos nós passamos por situações adversas na vida pessoal ou profissional – podemos aprender sempre algo novo, se estivermos abertos ao aprendizado e agindo.

Avalie-se! Tem coisas que ninguém poderá fazer por você!

Historicamente as relações de trabalho que se estabeleceram em solo brasileiro, mesmo após o fim da escravidão, foram predominantemente desumanas e desiguais, com ambientes insalubres, jornadas excessivas, remuneração questionável, diferenças impostas por preconceitos raciais e de gênero (dentre outras).

Não só as pessoas, mas as empresas precisam, podem e devem evoluir nos serviços, produtos, processos, nas posturas com seus diferentes interlocutores.

As leis trabalhistas trouxeram avanços significativos para os trabalhadores, mas sabidamente ainda há cenários saudáveis e hostis de trabalho.

Coexistem no cenário atual empresas, processos de trabalhos e profissionais bem preparados, assim como outros em desenvolvimento.

Em seus diferentes processos e papéis pode haver sim oportunidades de melhoria técnicas, assistenciais, posturais e administrativas, dentre outras.

Em que terreno semeamos nossas ideias? Que posicionamentos cultivamos? Que palavras construtivas disseminamos? Que atitudes adotamos e incentivamos? É possível fazer diferente?

Sim! Muitas conquistas já foram realizadas, mas antes de brotarem precisaram ser semeadas.

Onde semeamos nossos sonhos? No passado, no lamento? Ou no presente, projetando o futuro?

Podemos sim caminhar olhando para frente, almejando fazer parte de uma realização, de um projeto, que independente de ser o nosso ou não, pode nos abrir oportunidades incríveis para o desenvolvimento pessoal e profissional. Realizando sempre um excelente trabalho seja lá em qual degrau hierárquico estejamos inseridos.

Em cada degrau, cada etapa e momento de nossa carreira, temos a oportunidade de: chegar, aprender, fazer, corrigir, solidificar, fazer a diferença, ensinar e prosseguir.

Muito disso tem sido atropelado pela “ânsia” de subir na carreira, escalando prematuramente os degraus para os quais ainda não há preparo.

Instrumentalizamo-nos técnica, processual e humanamente quando nos edificamos em diferentes papeis profissionais em nossa trajetória.

Os avanços, quando consequentes de maturidade e capacitação, produzem melhores resultados.

Independente do degrau em que se encontre em sua carreira profissional neste momento. Pergunte-se: é aqui que devo estar hoje? – ao responder, avalie sua trajetória, habilidades e maturidade, seja franco consigo.

Se a resposta for negativa, reflita nas estratégias necessárias para galgar a subida na atual empresa ou em outra – ao planejar, seja franco com a vida e pessoas.

E não deixe de cumprir com o que lhe foi designado fazer. Faça o que tem de ser feito, executando as tarefas para as quais foi contratado, dando de si o seu melhor.

É no palco do presente que semeamos o futuro. Podemos atuar no campo das ideias, questionando nossos posicionamentos atuais, desenvolvendo quem está chegando, colaborando para mudanças de postura. Mudando nossa postura individual.

É no microcenário que as mudanças devem ser plantadas, para que floresçam e se expandam, tornando-se “macro” posteriormente.

Empresas são organizações “vivas”, que se projetam, fortalecem suas bases, que se modificam, tornam-se complexas, transformam-se, erram, aprendem, melhoram, reaprendem e crescem – gerando lucros, serviços, produtos, oportunidades, vagas, renda, pesquisa e desenvolvimento – movimentando nossa economia. E assim como nós, elas também precisam de Tempo para evoluir.

E uma das coisas que podemos e devemos fazer é plantar uma atitude positiva em relação ao trabalho.

Trabalho edifica, dá identidade social, trás realização pessoal – não é só questão de pagar as contas, nem tampouco fardo.

Trabalho é realização!

As mudanças começam dentro e não fora de nós!