APENAS UM GALHO?

– autoria: Indira Moretti

 

Mãos cansadas do fazer, músculos que mesmo em repouso insistiram em doer.

Apoiar a caneta sobre o papel não foi um gesto suave para aquela mão cansada.

Aquela árvore!

Ah!! Aquela árvore!

Quem ensinou o que, à quem?

Imaturos galhos verdes, macios. Que com ingênua facilidade despencaram e depois renderam-se aos afiados dentes de um serrote.

Assim como nós, verdes galhos que somos, quando não resistimos aos ventos fortes, aos tempestuosos sentimentos que nos afligem e nos partem ao meio nas tardes de chuva.

Membros, apenas membros, os meus, os dela.

Braços, galhos, serrote… Um amontoado de pedaços não só dela, mas também de mim. Ao final da batalha estávamos ambas de pé. Respeitosamente nos saldamos e continuamos em nossos papéis.

Distanciei-me e olhei-a de longe. Resistente, ela insistirá em crescer.

Decidi: eu também!

Então seguiremos fortes, ainda que rodeadas de verdes galhos. Seguiremos fortes ao sabor de brisas leves ou de outras tempestades que possam vir.

Que nossos verdes galhos possam com resiliência curvarem-se ao sobrar dos ventos, enquanto nossos reais valores nos mantem de pé.