QUANDO A RAIVA CEGA
– autoria: Indira Moretti
A raiva e ingratidão caminham juntas.
A primeira fortifica a segunda.
Iludidos, como cegos, sem nada enxergar,
A deixamos livre para raiva atuar.
Aquela raiva irrefletida em nosso coração.
Que nos impulsiona como um turbilhão.
E ainda que façamos o bem,
Quem não controla a raiva, dela é refém.
É brasa, fogo, lenha… Incendiando tudo!
Uma hora gritamos, noutras ficamos mudos.
Quando acordamos e conseguimos despertar.
E agora? Por onde começar?
Quando por fim despartamos,
E cara a cara no espelho nos enxergamos…
Lá vem ela de novo ao percebemos os nós.
E dessa feita, sentimos raiva até de nós!
Quando misturada com o medo,
Eis aí um bom veneno!
Invade-nos e serpenteia.
Cresce igual planta rasteira.
Um veneno que nos oprime a alma.
Que leva embora a calma.
Que nos leva a cegueira.
Quando se vê… Fez besteira!
Veneno esse que nos corrói a alma,
Que nos rouba a calma.
Que nos abraça de forma intensa.
E nos coloca em estado de dormência.
Surucucu que em sua presa se enlaça.
Uma emoção que fomenta a trapaça.
Quando desmedida, é um comportamento imodesto,
Que se manifesta com ou sem protesto.
Primeiro a gente nem se dá conta.
Depois começa a pagar a conta.
Quando alguém tenta dizer alguma coisa, protesta!
Fala ou fica mudo, faz cara feia e franze a testa.
Tudo está sob controle! Claro que podemos “dar conta”!
Na verdade… Um tremendo “faz de conta”!
Quando se vê a planta criou raiz, a cobra criou asas.
Perde-se o controle e afoga-se em águas rasas.
Essa tal raiva é uma coisa turbulenta.
Que dentro e fora de nós, gera batalhas sangrentas.
Que discórdia e dor fomenta.
Quando se vê, somos nossa própria tormenta.
Olhe! Abra a mente e os olhos! Esta tudo aí ao nosso alcance!
A vida é cíclica e muito bela para quem sabe viver.
Vem ensinar! Vem aprender!
Vem trazer o que de bom há em ti! A TUA melhor porção do bem viver!
A vida deu a cada um nós um presente, um dom, uma razão, uma missão, um porquê!
No meio da raiva ninguém consegue enxergar nada. Nem a si mesmo!
Vem, dá-me a mão! Também não sou o dono da razão! Mas de uma coisa sei, e disso não abro mão: um pouco de mim, com um pouco de você, pode gerar um melhor jeito de enxergar, um melhor “bem viver”.
Vem! Dá-me a mão! Ponderemos com o coração!