— autoria: Indira Moretti
Que “Eu” é este? Onde estás?
Não se levanta… Estremecido ficarás?
Estás com medo de si próprio?
Eis aí um modo impróprio!
Um “Eu” inerte, habitante da terra de ninguém!
Onde ninguém se levanta, que de si mesmo é refém…
Líder desvanecido, que não se fortalece ou se ergue.
Que não sabe de si, que em si mesmo se perde…
E como de si saber, se a si mesmo não for apresentado?
Um “Eu” que habita um território frágil, devastado.
De portões abertos, desprotegidos, escancarados.
Sem fechaduras, onde guardiões não são encontrados.
Que nega a si mesmo, iludindo-se com ventos quentes e agradáveis.
Que orgulha-se de falsas forças e nem olha para os solos frágeis.
Que estremece diante de si, se em si mesmo tiver de penetrar.
Que insiste em ficar nas bordas, por medo de naufragar.
Que “Eu” é esse que de si não quer saber?
Que não reflete em seu modo viver…
Que vive morrendo de medo de morrer…
Como se essa vida fosse o resumo do próprio ser.
Porque nenhum de nós esta a sós, porque somos parte de todos nós.
E mesmo que não queiramos ver, tudo insiste em acontecer.
E no território de nossas mentes, há sementes que não mentem.
Que entrelaçam-se e desatam nós, porque somos parte de todos nós.
Um mergulho em si por dentro, no começo é um tormento.
Mas depois de insistir, soluções podem surgir.
Um mergulho então mais fundo, visitando o próprio mundo.
Onde há sonhos esquecidos, onde um esforço é merecido.
Um mergulho a cada dia, com ousada valentia.
Enfrentando as próprias feras… Fosse fácil! Quem me dera!
Um mergulho em alto mar, rebuscando desvendar.
Lançar luz e clarear… Nova forma de enxergar.
Um mergulho a cada dia, com ousada valentia.
Permeando a escuridão, iluminando em oração.
Um mergulho em território, que alimenta o ilusório.
Pra que ajuste a direção, da sua vida em sua mão.
Tão somente ao conhecer-se, poderás compreender-se.
Com o leme em sua mão, determinar a direção.
Como quem conduz a nau, desviando-se do mal.
Como quem controla os ventos, dos insanos pensamentos.
Como quem acalma as ondas, das intensas emoções.
Ordenando que se calem, esperando que se acalmem.
Tais indóceis emoções, que agitam corações.
Que os fazem então doer, como ratos a lhes roer.
Não somente ilusórias, pois ressurgem nas trajetórias.
Não somente tão reais, pois há nelas um pouco mais.
Pois ressurgem em nosso peito, de um modo tão sem jeito.
Oriundas de outras águas, que encerraram-se em mágoas.
São mergulhos adiados, onde o medo é naufragar.
São mergulhos preciosos, que podem nos libertar.
Não somente então coragem, se requer nessa viagem.
Há temores que levantam-se entre uma e outra margem.
Requer-se entendimento, pra lidar com contratempo.
Requer-se compreensão, antes dessa tal missão.
Requer-se entendimento, sobre o próprio pensamento.
Que insiste em ressurgir, vento forte a interferir.
Se insistirmos em adiar, nada vai solucionar.
Esperar compreensão, dos que ao redor estão?
Pois somente fomos nós, que deixamo-nos a sós.
Desprovidos de nós mesmos, escondidos atrás dos medos.
Nem adianta assim culpar, os que insistem em ainda estar.
Se levante e dê-se a mão! Vá buscar compreensão!
Pois assim como você, também não sabem o que fazer.
Pois assim como todos nós, também enroscam-se nos próprios nós.
Somos todos parecidos, tímidos ou atrevidos.
Somos todos viajantes, aprendizes e errantes.
Somos todos nós capazes, de cruzamos densos mares.
Capazes de ir em frente, de fazer-nos competentes.
Estejamos mais atentos, percebendo os tais ventos.
Que impelem-nos contra as ondas, que nos lançam em densas sombras.
Estejamos vigilantes, para atuarmos nos instantes,
Em que as densas emoções, nos causarem turbilhões.
Consigamos dia-a-dia, com intrépida valentia,
Assumirmos posição, no controle da emoção.
Ancorados na razão, que provem da compreensão,
Do que acontece em nossa mente, não assim tão de repente.
Sim! Podemos atravessar e depois nos ancorar,
Em águas bem mais calmas, cristalina nossa alma.
Onde possamos desfrutar, de nosso “Eu” maior estar.
Onde possamos compreender, sem precisar estremecer.
Client— Ateliê da PoetisaYear2019