— autoria: Indira Moretti
Eis que ao andar pelo jardim,
Viu tons rosados, viu tons carmim.
Eis que eram lindas em tons de branco,
E se espalharam por sobre os cantos.
Ainda que com precisão,
Em cada movimento de sua mão,
Não pôde deixar de nas rosas esbarrar,
Entristeceu-se… Pétala por pétala viu desabar.
Não houve dolo, nem intenção,
Puro descuido, imprecisão.
Espanto e frustração em seu olhar,
Não pode prever, nem desconfiar.
Mas eis que em meio ao roseiral,
Decidiu prevenir-se daquele mal.
Percebeu que os botões ainda por desabrochar,
Eram menos frágeis para se tocar.
Percebeu que aquelas semiabertas,
Não eram tão tolas, nem tão espertas.
Mas o seu olhar se encantou,
Com aquela que o tempo desabrochou.
Brisa leve ou vendaval,
Podem ofendê-la, far-lhe-ão mal.
Sol escaldante, ou chuva intensa,
Privar-me-ão de sua presença.
Eis que tão linda e ali plantada,
Já era aquela a sua morada.
Não poderia sem machuca-la,
Leva-la embora pra sua casa.
Eis que com suor e muito amor,
Foi protegê-la do dissabor.
Não tinha como conter os ventos,
Ou impedir os contratempos.
Não poderia impedir o cair da chuva,
Nem mesmo aquela por culpa sua.
Mas decidiu com ela poder estar,
Faria tudo para a preservar.
Eis que com dor e muita coragem,
Ausentou-se, se fez miragem.
Seu pensamento era sempre um,
Poder revê-la sem dano algum.
Entre seus sonhos, um sonhador,
Talvez possa abrir-se para o amor.
Entre um trovão e o silêncio,
Grita calado seu pensamento.
Em sua intensa fragilidade,
Orvalho e sol sem piedade.
Ela ainda espera pela chegada,
Pra ser só dele, imaculada.
Client— Ateliê da PoetisaYear2019