Presenciei o trem partir da estação,
Levando em si o meu amor, meu coração.
Na plataforma ficamos eu e a solidão,
Eu a chorar e ela em plena ebulição.
Presenciei em meu olhar a dor, o pranto,
Retribuí como se tudo fosse apenas por enquanto.
Cá dentro o medo de perder tamanho encanto,
Cá fora o medo que transborda e nem me espanto.
E lá se foi o grande monstro movido a vapor,
Levando em suas entranhas os meus sonhos, meu amor.
Teu retorno estará presente dia-a-dia em meu clamor,
E assim rogo que não me esqueças, por favor.
Ainda inerte e sem saber o que sentir.
No horizonte, pouco a pouco, o monstro então se fez sumir.
Deixou poeira, saudade e dor ao vê-lo partir,
Por favor não me esqueças, continuo a me iludir.
Na plataforma a sangrar, fica então meu coração,
Que te quer e sonha sem nenhuma pretensão.
O que sinto agora é a mais sincera emoção,
E o medo de não mais sentir as suas mãos.
Leve-me contigo, adormecida em teu peito,
Dê-me vida à noite, em teus sonhos sem receio.
E adormeça então, desejando-me por inteiro,
Estarei assim sonhando em meu travesseiro.
Saiba que almejo tão somente teu retorno,
Saciar meus lábios junto aos teus, eu me apaixono.
Não me deixe então esquecida no abandono,
Volte por inteiro, do meu amor tu já és dono.
