PRECIOSAS
autoria: Indira Moretti
De longe as observou
Edificadas tal qual muralha.
Eis que se fundem
E nos confundem.
As que cresceram gradativamente
No acúmulo, em grãos, no tempo.
As que se moldaram lentamente,
Nos desafios, uivar dos ventos.
As que em grutas se eternizam
Em corações que se fundem.
As que brilham à luz a Sol,
Que nos ofuscam e confundem.
As que de vento e chuva forte,
Transformaram-se lentamente.
As que de longe, também de perto
Sustentam e fazem frente.
Então reverenciou-as com respeito,
Misto de dor e admiração.
Depois curvou-se com ternura
E apresentou as próprias mãos.
As que desnudas e bem-dispostas
Chegam com ele,
Eis o convite:
O lapidar, transformação.
Eis o caminho que não tem volta,
Um novo olhar,
Moldar, dar forma.
Eis os caminhos no vão do tempo,
Que nos transformam,
Soprar dos ventos.
Eis o poeta e suas mãos,
O lapidar:
Transformação.
Aquele que sangra
E faz sangrar,
O que convida a transformar.
Depois repousam, não mais os mesmos,
Pois nos atritos, nos contratempos…
Eis que se esgueiraram em novas formas,
Bem mais por dentro do que por fora.
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