A BORBOLETA DESAVISADA

A BORBOLETA DESAVISADA

autoria: Indira Moretti

Nasceu lagarta, viveu lagarta, tornou-se pupa e gritou, protestou, modificou-se até virar borboleta…

Ao sair da crisálida com belas asas ficou assustada, nunca imaginou que aquilo poderia acontecer.

– Até outrora eu tinha apenas diversas, mas pequenas pernas, movimentava-me lentamente rente às superfícies, como quem rasteja, e agora tenho asas… Oh! Posso voar!

Então ficou tímida e se escondeu.

– Não quero que me vejam assim! Vão rir de mim! Nem sei se isso é certo! Será que estou bonita?

Ao ariscar-se pela primeira vez em voar, recebeu elogios e duvidou e veementemente de que eram sinceros.

– Eu era uma lagarta, tenho corpo de lagarta, coração de lagarta, cabeça de lagarta e não vou deixar de ser lagarta só porque surgiram, nem sei de onde, essas enormes asas…

Agora terá de aceitar as mudanças que a vida lhe impôs.

Resistir não fará o tempo voltar, borboleta não volta a ser lagarta.

Terá de aprender a usar suas novas habilidades. Arriscar-se! Voar!

Então voe. Reconheça suas limitações e seus sucessos.

Vibre com os elogios! São presentes de quem reconhece suas qualidades.

Sentir-se diferente, desajustado, assusta, mas não recue, voe! Voe alto, voe longe, visite outros jardins e descubra que como você há milhares de borboletas no mundo e que seu papel agora é polinizar, fazer florir e fazer sorrir.

Explore suas potencialidades! Aceite e reconheça suas asas. Voe!